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14 de jul. de 2010

Guerra ao terror

A morte de Bin Laden não encerrou a chamada guerra ao terror. Exatamente dez anos depois do sangrento setembro de 2001 a guerra ainda parece longe de terminar. A complexa forma de organização da Al Qaeda não garante sua quebra dorsal com a morte de seu general mais famoso. As células espalhadas mundo afora garantem a permanência do estado de vigilância contra atentados terroristas. Bin Laden é fruto da Guerra Fria; teve oportuno apoio da CIA na Guerra do Afeganistão contra a invasão soviética em 1979 e depois se voltou contra os americanos, em nome de uma visão religiosa radical. Em uma guerra os resultados sangrentos são inerentes ao processo destrutivo. Bin Laden era um assassino, responsável pela inteligência de diversos atentados contra alvos civis e militares mundo afora. As três mil vítimas dos dois ataques ao World Trade Center são exemplos de colaterais a essa disputa ideológica e política, revestida de tons religiosos. Os americanos pagam pela Doutrina Monroe, que desde o século XIX prega a ideia da América para os americanos, mas que tenta impor sua visão democrática pela forma autocrática do ‘big stick’. Enquanto os americanos continuarem a agir como a polícia do mundo eles terão inimigos furiosos e vingativos mundo afora. Quem passeia pela animada Time’s Square nem lembra que os Estados Unidos estão em guerra; sim, em guerra iniciada pelos EUA antes mesmo dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Na Primeira e na Segunda Guerra Mundial eles garantiram a preservação das liberdades fundamentais para a humanidade. Mas depois de 1945 eles já estiveram em guerra na Coréia, no Vietnam, no Panamá, para citar alguns, além de operações secretas diversas e escaramuças na Baía dos Porcos, Irã, América Latina... Eu já disse antes que não sou maniqueísta para reprovar ou endeusar tudo que vem dos Estados Unidos. Sei de seus podres poderes, mas sei que a eles devemos um riquíssimo legado cultural e democrático, que será duradouro não apenas no mundo ocidental. Prefiro-os aos nazistas ou stalinistas no século passado. Com pontuais restrições ainda prefiro suas instituições, que nos deram pensadores como Ronald Dworkin ou John Rawls ou H. L. Hart e uma forma preciosa e exemplar de atuação judiciária. Prefiro sua ampla liberdade de expressão à ‘liberdade’ chinesa ou cubana ou ao modo de ver o mundo dos alienados chauvinistas do Hamas, Hezbollah ou Al Qaeda. A guerra está longe de terminar. Preocupa-me o número de vítimas e inocentes ainda por vir, em qualquer lugar do mundo árabe ou ocidental. Mali, Sudão... E la nave va.

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