Cantora, compositora, arranjadora, Flávia Bittencourt foi apresentada como promessa da nova geração de cantoras da música brasileira em “Sentido”, seu excelente álbum de estreia de 2005. Nele, a canção ‘Terra de Noel’, de Josias Sobrinho, foi um perfeito cartão de apresentação, ao avisar que ela não ia tirar o chapéu para qualquer um. Mas, se lá estavam também suas origens maranhenses (Godão e Zeca Baleiro) podia-se perceber também sua raiz no samba de Martinho da Vila.
Em seu novo trabalho, “Todo Domingos”, presta uma homenagem merecida e emocionante a Dominguinhos, este clássico da raiz brasileira. Na abertura, com “Lamento sertanejo”, a voz suave e perfeita de Flávia preenche o ambiente com emoção, até ser sucedida pela sucessão de sopros e percussão leve e delicada. Sua veia de compositora está acesa, vide a homenagem na faixa “Seu Domingos”.
Flavia tem uma exuberante presença de palco, marcada pela presença intimista e afetuosa. Seu repertório vai de Paulinho da Viola a César Teixeira com personalidade ímpar. “Canto de luz”, de José Pereira, o Godão, ainda emociona e arrepia.
Seu novo trabalho é apenas prenúncio de que Flávia não pertence mais (apenas) ao Maranhão; faz parte da fértil safra nova de cantoras brasileiras, que inclui Ceumar, Vanessa da Mata, Céu e Roberta Sá.
Se no primeiro disco ela enviou um sorriso acolhedor, agora, um álbum depois, a prosa flui fácil.
Ela
merece o Brasil. O Brasil deve fazer por merecê-la.
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