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15 de ago. de 2011

O Clube dos 27

A morte precoce de Amy Winehouse aumentou o Clube dos 27 (também conhecido como Forever 27 – Para sempre 27), uma forma comum dirigida a um grupo de músicos famosos e talentosos que morreram aos 27 anos de idade, normalmente em decorrência do consumo de álcool, drogas ou acidentes.

Maldição? Coincidência? Tentação? Cabala? Fraqueza? Playground dos deuses? Quem sabe?

A lista estelar inclui Brian Jones (fundador dos Rolling Stones, afogado em sua piscina, provavelmente assassinado); Kurt Cobain (vocalista do Nirvana, morto por overdose); Robert Johnson (bluesman morto envenenado); Jim Morrison (cantor do The Doors, morto em circunstâncias misteriosas em um hotel de Paris); Jimi Hendrix (sufocado após misturar vinho com sonífero), Janis Joplin (morta por overdose de heroína); Pete de Freitas (baterista do Echo & The Bunnymen, morto em acidente de moto); D. Boom (vocalista do Minutemen, acidente automobilístico); Ron Pigpen (Grateful Dead, morto por hemorragia decorrente de alcoolismo).


A lista fatídica tem muitos outros nomes menos famosos como Richey James Edwards (do Manic Street Preachers, desaparecido em 1995 e dado como morto em 2008), Freak Tay (rapper do Lost Boyz, baleado), Chris Bell (cantor do Big Star, morto em acidente de carro) e Alan Wilson (vocalista do Canned Heat).

Em comum, todos tiveram uma vida intensa, como naquela frase de Lobão “é melhor viver 10 anos a mil do que mil anos a 10”.

A perda de uma pessoa amada, seja precocemente ou por idade avançada, quase sempre causa um vazio tão grande, uma dor tão angustiante, que retira uma quantidade imensa de alegria e pode levar à angústia e negação da vida. Um amor intenso que une pessoas pode transformar-se em medo ou vergonha de voltar a amar; uns não conseguem superar a perda, por achar ser egoísmo ou tomados por extrema tristeza.

Eu já escrevi antes que todos os que passaram nesta vida, em seu tempo respectivo, nos deixaram alguma herança, nos legaram atos e realizações; governantes sábios deixaram uma linha política democrática; escritores nos tornaram mais apaixonados e felizes; esportistas deixaram seus recordes; cineastas imortalizaram imagens que se juntaram à história; nossos parentes nos legaram amor, ética e eternas palavras de carinho e proteção. Os músicos nos deixaram suas memórias pautadas.

Todos nós sofremos pelos nossos amados que já partiram desta vida; lembraremos sempre dos momentos de ternura e proteção; lembraremos com lágrimas das palavras que nem chegaram a ser pronunciadas; mas os que já passaram não nos deixaram totalmente: sua vida agora eterna deixou de eterno também o amor marcado na pele do coração; a lembrança do riso fácil nos momentos festivos; a fotografia alegre guardada no álbum; o momento de ternura e de proteção. A herança deixada está no ensinamento de saber caminhar sozinhos, de realizar nossa missão e deixar nossa marca para os que ficarão após nossa partida.

Erich Fromm escreveu certa vez que “A principal tarefa do ser humano nesta vida é dar a luz a si mesmo.” Ele também disse que “Morrer é dolorosamente amargo, mas a idéia de ter de morrer sem ter vivido é insuportável”.

Seja o que for o Clube dos 27 ele é precoce, porém. Passa longe da normalidade, mas o enorme legado dos falecidos serve de aviso para os que vivem muito e pouco realizam. E serve de inspiração para realizar mais, viver mais, amar mais.


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