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8 de dez. de 2011

A primeira década

Poucos notaram, mas já acabou a primeira década do novo Milênio. Os tais anos 00. Mas qual foi a cara da primeira década? Aliás, quais as marcas das últimas décadas? A década de 60 ainda foi uma década eurocêntrica, na concepção equivocada de que em primeiro lugar vinha o primeiro mundo, depois o que sobrar dele. Mas os baby boomers estavam chegando à adolescência, fermentando o caminho para a aparição da contracultura, dos hippies, do reinado dos Beatles, Doors, Hendrix, Dylan; Os homicídios dos dois Kennedy traumatizaram os norte-americanos. Veio o início da insana guerra do Vietnã e da multiplicação das ditaduras nascentes com a Guerra Fria e esta ameaçou explodir o mundo algumas vezes em estágio Defcon 2. Rolling Stones, ainda com Brian Jones, já eram um enorme sucesso. O espião 007 surge com sucesso na pele de Sean Connery. Pelé era o ‘Rei’. Na mesma época em que os astronautas pousavam na Lua, uma tal série ’Jornada nas Estrelas’ ia galáxias muito além, com uma tripulação multirracial e internacional, que falavam em celulares flip e usavam computadores tablet, coisa esquisita disseram, por isso durou pouco a saga de Spock e Kirk na careta tv aberta americana. Na década de 70 veio a primeira crise mundial do petróleo, o primeiro susto dado nos ianques pelos árabes; no Brasil, Chico Buarque narrava a vida sob a pesada mão da ditadura de Médici, Geisel e Figueiredo; na Alemanha, o trágico ataque terrorista nas Olimpíadas de Munique; mas lá depois desfilou Cruyff e sua onipresente Laranja Mecânica na Copa de 74; na Copa seguinte foi a vez do grande Kempes e da chuva de papel picado na fria Argentina invernal em 78. A década de 70 foi a da inimaginável derrota americana no Vietnã e do início da aventura desastrada dos soviéticos no Afeganistão. Lá perto, os aiatolás iranianos começaram a mudar o tabuleiro político mundial. Os Rolling Stones, agora sem Brian Jones, continuavam a fazer um enorme sucesso, cometendo o genial 'Exile on main street'. Pink Floyd lança 'The dark side of the moon' e subverte o rock. No cinema, Operação França e o Poderoso Chefão ditam as regras. Kojak e a Família Walton dominam a televisão (ainda majoritariamente p&b no Brasil). Led Zeppelin botou pra quebrar, mas David Bowie foi a cara da década, reciclado, elegante, bebendo no melhor soul e depois indo revirar a euromusic em Berlin com Brian Eno. Roxy Music destilou álbuns deliciosos. Mas aí apareceram os Sex Pistols, que incendiaram tudo com o movimento punk em 77; ao mesmo tempo surge a disco music e Tony Manero dita as regras; mas James Bond continua bem, obrigado, veio até visitar o Brasil atrás do foguete da morte. ’Jornada nas Estrelas’ volta aos cinemas em sequências de enorme sucesso, mas também é a estréia da saga Guerra nas Estrelas, que marcaria uma geração inteira. Anos 80. A década mais querida por nove entre dez. Muita cor no pós Punk; veio a New Wave, Cold Wave e New Romantics. Madonna, Michael Jackson e até Miles Davis tocou Cindy Lauper! Duran Duran, Eurythmics, Police, Echo & The Bunnymen, New Order, The Clash, Talking Heads, The Cure, The Smiths, The Cult, Siouxsie... U2 apareceu devagarzinho com 'Boy' e depois deslanchou. Depois do Rock in Rio 1 despertou a cena do Rock Nacional, com Paralamas, Blitz, Titãs, Capital e Legião Urbana. Veio a redemocratização do Brasil sob o Presidente Sarney. Fim da censura! Promulgação da Constituição Federal de 1988. O dinheiro andava curto, mas Juba, Lula, Bacana e Zelda Scott garantiam armações ilimitadas. Os clips da MTV anunciam algo novo no ar. Surge Indiana Jones. Com ‘De volta para o futuro’, os filmes de John Badham e Star Wars, Hollywood enche os cofres. Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva foi o livro que mudou uma geração. O Flamengo dominou o mundo! Mas Paolo Rossi bem que deveria ter sido banido do futebol antes da Copa de 82! Os americanos se enrolam em novas escaramuças militares pela America Central. O Narcotráfico começou a assolar o continente inteiro. O vinil definha, surge o CD. Os Rolling Stones, com Mick Jagger ensaiando carreira solo, tiveram uma queda de vendagens, mas não se separaram. Roger Moore foi um agente 007 adequado ao clima festivo dos 80’s. Surge o Capitão Picard. Surge Gorbatchov. Cai o Muro! A década de 90 começa na ressaca do fim da Guerra Fria. As fronteiras mudam: a União Soviética se separa rapidamente, sem muita resistência, noves fora a Chechênia; a Tchecoslováquia se divide com a suavidade do veludo. Mas a Iugoslávia paga um preço cruel pelas rivalidades históricas e se engalfinha no pior conflito militar europeu após a II guerra mundial. No mundo capitalista, a cobra muda de pele novamente: agudas crises econômicas mundo afora. Argentina quebrada. México e Rússia também. Os tigres asiáticos recolhem as garras; o capitalismo se recicla e logo se foram as crises. O Brasil muda de rumo com o bem sucedido Plano Real de FHC. A computação permite um salto gigantesco da humanidade. A Microsoft e seu Windows dominam o mundo. Se Romário é o cara, a Internet não fica atrás! Televisão por assinatura cresce e aparece no Brasil. Celulares flip de meio quilo da Motorola são o sonho de consumo de nove entre dez terráqueos. O CD ainda não sabe, mas corre sério risco com o surgimento do MP3. O U2 lança o antológico álbum ‘Achtung Baby’. Enquanto isso, em Seattle, surgem as bandas que lançam o grunge rock: Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden. A Inglaterra devolve na mesma moeda com o genial Radiohead. 007 é agora quase um pastiche na pele de Pierce Brosnan. Os Rolling Stones, que ameaçavam aposentadoria a qualquer momento, conseguem emplacar enorme sucesso com 'Voodoo lounge'. A Enterprise ganha novas dobras temporais com as novas séries Deep Space Nine e Voyager. No novo milênio o mundo mudou. Começou logo sob o manto da guerra contra o terror, após os ataques terroristas contra Nova York e Washington em 11 de setembro de 2001. Em cenário que remete à ficção os EUA são atacados por radicais islâmicos, herdeiros dos treinamentos dados a seus ascendentes pelos comandos militares nos Oriente Médio. Bush II, sentado em uma escolinha infantil na Flórida recebe a notícia e fica catatônico. Segue a invasão do Iraque, mais atentados mundo adentro, Afeganistão, Bin Laden, Paquistão, mais atentados... Ainda não terminou. No novo milênio está a era de ouro da comunicação, as pessoas se conhecem antes pela internet, depois pessoalmente. As Redes Sociais dominam. É o tempo do Facebook e Orkut. Dr. Google responde tudo. Imagem vale tudo. O uso do e-mail ajuda a desafogar os correios, que compensam seus lucros com o aumento do transporte de mercadorias diante das trocas globais que se intensificam; é fácil comprar de tudo; com um clique em um site de Cingapura, Taiwan ou Bauru tudo pode ser encontrado; e todos podem ser encontrados nesta Aldeia Global! O CD definha com o avanço do MP3 e os Ipods dominam o mundo. Um mundo novo aparece nos monitores Lcd ou Led em alta definição. A Microsoft cai, a Apple ressurge. O turismo intensifica-se; o dinheiro aumenta no mundo, até que a bolha especulativa americana começa a espocar em 2007. Os Brics navegam na marolinha e dão as cartas no G-20. A Europa tropeça. A China é a fábrica do mundo; o Brasil é a fazenda; a Índia é a contabilidade; a Rússia é a xerife. Os EUA tentam mudar de atitude, mas a herança que Obama recebe de Bush II é sinistra. O Tea Party assusta com seu discurso de retorno à America profunda. O crescimento do Brasil de Lula assombra o mundo! Dilma será a primeira mulher a presidir este país. Hugo Chávez e Evo Morales aparecem como personagens anacrônicos de filme da década de 60. JJ Abrahms conta em novo Star Trek a origem da Enterprise, o que já tinha sido ensaiado com a série de tv de mesmo nome. A indústria de videogames é uma das mais vigorosas no mundo. Jogar online é show! Celulares flip são coisa do passado, agora é o tempo de smartphones e tablets (como os usados ‘no futuro’ pelo Sr. Spock). Lost empolgou milhões de fãs pelo mundo. O mesmo efeito impactante teve o desfecho da trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. O agente 007 ressurge muito bem na pele de Daniel Craig, com estilo mais durão e realista. Os ingressos para shows do U2 mundo afora esgotam em horas. Sintomático. Inúmeros artistas voltam a fazer longas turnês diante da acentuada queda na venda de discos. Paul MacCartney volta ao Brasil para três shows antológicos em 2010. O público ganha com isso. No futebol Ronaldo foi um verdadeiro fenômeno e o Brasil leva a quinta Copa do Mundo! Os Rolling Stones, ainda vibrantes, foram magistralmente filmados em NY por Martin Scorsese e fizeram uma grande turnê mundial, inclusive tocando no Rio, em 2006, com enorme sucesso. Mick Jagger, milionário, sexy symbol, mito e lenda viva ganha uma inusitada fama de pé frio por sua ida à Copa da África do Sul, com a eliminação de seu English Team pela poderosa Alemanha (com uma ajudinha do juiz que não viu o ‘gol de empate’ de Lampard que entrou) e da seleção Canarinho de seu filho brasileiro Lucas. Pensando bem, parece que o pé frio era Dunga, que apanhou da Holanda na Copa, da Bolívia nas eliminatórias e da Argentina nas Olimpíadas de Pequim 2008. A década acabou, mas a história continua! 2011, 2012...

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