1º
DE MAIO: OS ECOS DE HAYMARKET
O dia do Trabalho é comemorado no dia 1º de Maio como uma homenagem de um Congresso Socialista realizado
em Paris, em 1889, à grande greve ocorrida em
Chicago, em 1886, onde em busca de melhores condições de trabalho, os manifestantes
entraram em conflito com policiais deixando mortos, feridos e um processo
judicial fajuto contra os trabalhadores, após os eventos. Paradoxalmente, por vergonha ou rancor, nos
EUA o dia 1ª de maio não é comemorado como dia do Trabalho, lá é o dia da
Lei; labour day por lá apenas em setembro. Em Haymarket Place não há nenhum
monumento em homenagem aos trabalhadores vitimados em 1886; porém, após aquele
movimento só houve um aumento das garantias trabalhistas em todo o mundo,
inclusive no reino do liberalismo.
A
proteção ao trabalho decorre de
lutas históricas, iniciadas de modo organizado principalmente em decorrência da
Revolução Industrial, que gerou jornadas de trabalho infinitas, sob salários
reduzidos. As tensões sociais resultantes da Primeira Revolução
Industrial, no final do séc. XVIII geraram inúmeros conflitos de interesses e
outras tantas manifestações de empregados contra os patrões.
Interessante
é que em 08 de março de 1857, as operárias de uma fábrica têxtil, também em
Chicago, entraram em greve e paralisaram a fábrica para reivindicar a redução
de sua jornada diária superior a 16 horas para 10 horas. Estas operárias foram trancadas na fábrica que foi
incendiada criminosamente e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910,
em homenagem àquelas mulheres, durante uma conferência internacional realizada
na Dinamarca, foi decidido, comemorar no dia 08 de Março o Dia Internacional da
Mulher.
Emblemática
ainda dessa luta crescente é o fatídico dia 25 de março de 1911, ainda nos Estados
Unidos, dessa vez em Nova Iorque, quando houve a brutal morte de 146 operárias
de uma fábrica têxtil, que morreram trancadas e incendiadas no oitavo andar de um prédio, algum tempo depois de
uma greve em que buscavam melhores condições laborais, salários iguais aos dos
homens e redução da jornada de trabalho, que chegava a dezesseis horas diárias.
Os patrões mantinham as portas sempre trancadas durante o expediente para
evitar que as operárias fossem assediadas pelo sindicato. Singularmente, depois
da tragédia, os empregadores foram absurdamente absolvidos das imputações
penais por falta de norma jurídica que dissesse à época que manter os
empregados trancados era crime então.
As
distorções sociais agravadas pela Primeira Revolução Industrial, no final do séc. XVIII, com mulheres
recebendo salários miseráveis, sem tempo para cuidar de sua família (isso
quando seus filhos também já não estavam lá trabalhando), sob jornadas de
trabalho excessivas, de mais de 14 horas diárias, geraram conflitos de interesses
e inúmeras manifestações de empregados contra os patrões, sendo que isso tudo acabou por ocasionar a edição das
futuras leis de proteção trabalhista.
Naquele
distante 1ª de maio de 1886, mesmo havendo feridas e perda de vidas, a luta não
foi em vão; após aquele movimento só houve um aumento das garantias trabalhistas em todo o
mundo.
Nenhum direito vem do nada. A conquista é árdua. Será que nós sabemos a
importância de todos os direitos que temos atualmente?
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